International
Strategy for Disaster Reduction Latin America and the Caribbean |
Newsletter
ISDR Inform - Latin America and the Caribbean |
Partners in Action
|
Back |
Vulnerabilidade geológica em um parque florestal do sudeste do Brasil, usando sistema geográfico de informação O Parque Estadual do Ibitipoca , localizado ao sul do Estado de Minas Gerais, no Brasil, apresenta-se como um patrimônio geológico e biótico, caracterizado por espécies vegetais endêmicas e formações quartzíticas com grutas. Entretanto, o parque e seus arredores têm sofrido significativos impactos ambientais devido à intensa visitação turística na área na última década. De modo a organizar, prevenir desastres ambientais e disciplinar o uso daquela região, é mostrado um zoneamento ambiental do parque e seus arredores. É usado um sistema de informação geográfica desenvolvido no Brasil, de modo a estabelecer a base de dados digital e desenvolver avaliações ambientais e cenários futuros relacionados à vulnerabilidade e possíveis impactos ambientais na área.
O Parque Estadual do Ibitipoca, situado na região sudeste do Brasil (figura 1), preserva um importante remanescente do ecossistema da Mata Atlântica. O parque é administrado pelo Instituto Estadual de Florestas (IEF), e por convênio, a Universidade Federal de Juiz de Fora é a parceira na área de pesquisa, atuando através do Núcleo de Zoneamento Ambiental. Esse grupo é composto por especialistas das áreas de geociências, biologia, química e engenharia, trabalhando conjuntamente no parque desde 1996. A geologia da área está representada principalmente por quartzitos fraturados e dobrados, com ilhas de micaxistos intemperizados, em cujos solos se desenvolveram vegetação de campo rupestre e cerrado de altitude. A distribuição endêmica e restrita de espécies vegetais está caracterizada por líquens de referência (cladonia ibitipocae), assim como angiospermas (hindsia ibitipocensis), e famílias de veloziaceae e orchidaceae. Em termos de Brasil, o parque apresenta uma situação confortável, sendo talvez uma das únicas unidades de conservação que não apresenta problemas relacionados ao traçado de seus limites, invasões, extração mineral, ocupação irregular ou uso agrícola. Torna-se importante mencionar o processo de espeleogênese que ocorre nos quartzitos do parque, originando imensas cavernas como a gruta das Bromélias, uma das maiores do mundo em quartzito. Entretanto, o parque e seus arredores está ambientalmente muito impactado devido ao turismo descontrolado, inexistindo até o momento o plano de manejo do parque para disciplinar a visitação. Não foi feito também o estudo da capacidade suporte das trilhas, fato que aumenta a fragilidade ambiental da área. Os ecossistemas são muito frágeis, o que potencializa os efeitos erosivos, principalmente quando a fina cobertura vegetal é removida. Assim, entre os objetivos desse trabalho pode ser citada a organização da base digital de dados da região, o entendimento dos geosistemas representados pelas condições geológicas e topográficas, além do mapeamento da vulnerabilidade geológica da área e de seus arredores.
A metodologia para a montagem da base de dados digitais segue os procedimentos analíticos do sistema de informação geográfica SAGA (Sistema de Avaliações GeoAmbientais), um sistema analítico geoambiental desenvolvido pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, Brasil, estando disponível sem ônus na internet. Para esse trabalho foi usada escala de 1:25.000, com resolução de 5 metros por pixel. Não se tem no Brasil o mapeamento temático detalhado na escala municipal ou regional; assim, muitas vezes torna-se obrigatório o trabalho de campo e a cartografia temática da geologia, solos, geomorfologia, etc, a fim de se obter os planos de informação necessários ao geoprocessamento. No caso da região de Ibitipoca, esses trabalhos foram feitos com relação à maioria dos mapas requeridos, com interpretação prévia de fotografias aéreas em escala 1:30.000 (CEMIG, 1986), para delimitação dos tipos de solos, relevo e rochas da área. No campo fez-se descrição e amostragem desses materiais, além de medidas estruturais das rochas. Amostras foram encaminhadas a laboratórios para obtenção das características físicas e químicas. Em seguida foram delimitadas as unidades de relevo, litologia e solos, as quais foram lançadas em mapas. Esses mapas foram compilados, montados em overlays e inseridos no sistema com o uso de scanner. Os mapas foram georeferenciados em UTM, sobre base cartográfica em escala adequada publicada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Finalmente, para se obter as avaliações ambientais, cenários prospectivos e mapas de vulnerabilidade, fez-se a superposição dos mapas temáticos de litologia, estruturas geológicas e declividade em ambiente digital, atribuindo-se pesos e notas para as características de importância ambiental de cada mapa.
O uso do Sistema de Informação Geoambiental SAGA produziu os mapas temáticos individuais, os quais são parte da base digital de dados do Parque Estadual do Ibitipoca e arredores. São eles o mapa de litologia (figura 2), intensidade de estruturas geológicas (figura 3) e declividade (figura 4). Como pode ser visto nos mapas, a área total estudada é dez vezes maior que a área do parque, e sua importância advém de ser a chamada área de atenuação de impactos (buffer zone); essa área torna-se importante como atenuadora à pressão turística na região como um todo, sendo importante sua caracterização ambiental como subsídio ao manejo e gestão local. Nesses mapas digitalizados e georeferenciados pode-se observar as variações da geologia, a distribuição das estruturas das rochas e as classes de relevo, parâmetros ambientais indispensáveis para a avaliação de riscos, vulnerabilidade e prevenção de desastres. O sistema torna possível a superposição desses chamados planos de informação, gerando mapas digitais de avaliação ambiental composta. As figuras 5 e 6 mostram o zoneamento ambiental da área, de duas maneiras possíveis: a primeira, usando a combinação da litologia e da intensidade de geoestruturas, resultando no mapa de vulnerabilidade geológica do parque e arredores. A segunda avaliação foi gerada pela combinação da vulnerabilidade geológica com a declividade, resultando o mapa de vulnerabilidade geológico/declividade. Esses mapas são importantes para os tomadores de decisão e planejadores, seja para o caso de locação e crescimento urbano em cidades e distritos, planejamento rural para fazendas e bacias hidrográficas, e também para o plano de manejo do parque em si. Prof. Dr. Geraldo
César Rocha
|
Back |
© UN/ISDR |